1 de out. de 2014

Prestação de contas - parte II

Continuando....estou devendo ainda a parte da adaptação do meu marido, então vamos la.
Chegamos ao Brasil no dia 19 de agosto de 2013, antes de virmos para Curitiba passamos alguns dias no Rio com alguns amigos, ele adorou todo mundo e claro que a cidade era uma novidade pra ele, porém mesmo assim ele achou tudo caro e não quis sair muito rs achou um absurdo o preço dos onibus para que pudessemos ir pra lá e pra cá então acabamos fazendo passeios por Niterói mesmo (onde ficamos hospedados na casa de uma amiga) e só 1 dia ou 2 fomos para o Rio mesmo, nem praia não rolou e ele no último dia já não estava mais gostando tanto assim da cidade. Não lembro quantos dias ficamos mas não foram muitos, acredito que uns 5 no máximo e logo viemos para Curitiba, chegamos tarde da noite e fomos direto dormir. 
No outro dia acordamos cedo e fomos já correr atrás da papelada dele, registrar nosso casamento, ir na Polícia Federl porque pra variar não consegui agendar um horário no site etc, acho que aí que caiu a ficha dele que o ritmo aqui é outro rs entre uma burocracia e outra fui mostrando a cidade pra ele e mostrando os onibus que precisaria pegar, aonde não ir e etc pois em poucos dias eu sabia que ele teria que se virar sozinho. Com o passar dos dias ele foi pegando bem as dicas e quando eu voltei a trabalhar ele não teve problema nenhum para ir e vir sozinho mesmo ainda não falando 1 palavra de português.
Quanto a papelada deu tudo certo porém a Polícia federal daqui é super enrolada e para darmos entrada no RNE demorou mais de 1 mês, o que acarretou em meu marido não ter nem a menor possibilidade de procurar um emprego. Nós procuramos alguns bicos pra ele fazer nesse período mas não apareceu nada. 
Desse período de fim de agosto até dia 4 de setembro fiquei com ele e me empenhei o maximo possivel para que ele pudesse ter autonomia quando estivesse sozinho e no fim das contas percebi que isso foi uma coisa muito importante. Dia 04 comecei a trabalhar e foi a primeira vez em muito tempo que acontecia essa "separação", nos primeiros dias foi meio difícil (mais pra ele do que pra mim) porque afinal ele ainda estava em um local estranho e agora sem ninguém pra acompanhá-lo nos passeios.
Uma das primeiras coisas que ele fez sozinho foi ir a mesquita, e aqui fica não um alerta mas um comentário que talvez possa ajudar aguém. Quando pensamos em mesquita pensamos em uma comunidade (na sua maioria árabe, de estrangeiros ou decendentes) unida e preparada para dar uma mão para quem precisar, porém por favor ninguém pense que o seu estrangeiro chegou vai na mesquita vai fazer amigos e etc, pode até acontecer porém na maioria das vezes essa expectativa nos frustra e mesmo a eles, porque o que acontece é que eles vão, esperam uma boa recepção e isso não acontece e quando acontece a recepção é apenas para saber de onde ele veio, o que faz da vida (resuma-se essa frase em saber se ele veio com grana ou ñ) e porque está aqui e dependendo da resposta dele (que quase sempre vai ser que casou com uma brasileira e que está buscando um trabalho) as portas (e as caras) se fecham. A pequena chance que ele tem que talvez consiga se enturmar é ser da nacionalidade predominante na região...exemplo: aqui em Curitiba a comunidade é formada na sua grande maioria por libaneses, seguida de egípcios, marroquinos, palestinos e agora bastante sírios, ou seja se você é de alguma dessas nacionalidades provavelmente teu compatriota vai tentar pelo menos ser simpático com você e te dar algumas dicas maaaaas voltando a nossa realidade meu marido é argelino e aqui de argelino tem meia dúzia de gato pingado portanto na mesquita ele não recebeu apoio nenhum nem pra conhecer a cidade, nem pro idioma, nem pra não se sentir tão sozinho, nada de nada. 
Uma época ele estava conseguindo carona de um egípcio para ir até a mesquita e diversas vezes meu marido pediu pra ele poder indicar algum trabalho etc (não pediu pra ninguem dar emprego de graça ñ, mas queria uma ajuda pra achar o melhor caminho ou junto aos árabes ou algum lugar que aceitasse ele sem falar a lingua) mas nada, ao contrário dos egípcios que chegaram aqui depois que prontamente foram já encaminhados ou mesmo empregados pelos compatriotas (ñ eram parentes, conhecidos nem nada. Gente "estranha" que tinha acabado de chegar como meu marido). 
Não preciso nem dizer que isso desanimou e muito meu marido, pois lá nos países de origem todo mundo ajuda todo mundo mas parece que quando o "poder" sobe pra cabeça as pessoas esquecem um pouquinho esse princípio e a conclusão que tenho por experiência (claro que podem haver casos diferentes mas essa foi nossa realidade) é que não tragam seu estrangeiro com o pensamento de que o pessoal da mesquita vai ajudar ou que ah eu conheço um árabe e ele vai ajuda, pq o primo da vizinha da minha amiga é árabe vai ajudar...........sinto muito mas não conte com isso porque muitas vezes não vai não..aliás dificilmente vocês vão achar alguém que ajude na adaptação nesse início, portanto força e companheirismo porque nessa fase geralmente será só o casal mesmo pra passar todos os obstáculos.

Continua.....

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